terça-feira, 10 de novembro de 2015

A busca por você mesmo



Lembro-me de muito pouco tempo atrás quando uma campanha era lançada. Não sei se porque vim da área, sou da área, mas sempre prestei atenção na mensagem e sua conexão com o que a empresa verdadeiramente entregava. Nunca vi uma empresa prometer algo e entregar mais do que prometia.

De repente aparece no mundo as empresas focadas em experiências. Quando imaginamos experiências imaginamos empresas que prometem algo e entregam muito mais.

Chamo isso de marketing e anti-marketing.

Vamos falar de anti-marketing. Anti-marketing é o ato de olhar para o bolso do cliente, ver que lá tem 10, vender por 8 e entregar 6. Quem faz isso hoje em dia são as operadoras de telefonia celular. Dão descontos quando na verdade deveriam dar é um bom 4g. As pessoas até pagariam mais, mas para que?

Empresas de internet são assim também.

Marketing é aquele que a empresa enxerga seus 10, mas te vende algo por 12. Voce pega 2 emprestados para comprar e ela te entrega 15. Quem faz isso hoje são empresas como Apple, Samsung, google.

Incrivelmente todas essas empresas passam por uma enorme discussão sobre o que querem no futuro. O futuro vale mais do que qualquer coisa. Valuation, Stock, equity, essas sim são as palavras que o CEO deve levar em consideração e não faturamento e receita. Essas são as fáceis de olhar.

CEOs do futuro olham para o que ninguém ainda viu e os conectam com suas missões, criam visões adequadas e na hora de entregar observam seus valores. Criam produtos adequados com esses valores, comunicam aos clientes suas visões, a razão de existirem e em seguida cobram por isso.

A Disney sabe fazer isso. Voce entra num parque que custa US$ 90 por pessoa. Gasta mais US$ 200 lá dentro e tem a impressão de que te fizeram um enorme favor te deixando entrar lá dentro.
A universal corre para fazer o mesmo.

O Bush Gardens é só um parque. Nada mais do que isso. Ao sair voce pensa seriamente no que fez. Se não gosta de montanha russa ou bichos chora por ter perdido US$ 120.
Recentemente a Samsung lançou uma campanha que diz que a Samsung quer lançar voce. A campanha mostra pessoas comuns se transformando em seus verdadeiros sonhos utilizando produtos Samsung. Sem dúvida nenhuma uma das melhores campanhas já vistas. Transforme-se em voce mesmo no futuro com Samsung. Linda, emocional, conectada.

A música é linda, a voz é suave, o ritmo é audacioso, as pessoas são comuns, os lugares não tão comuns, a direção de arte sublime, os personagens são do mundo todo e assim a campanha mostra que dentro ou fora de casa a Samsung acompanha você por onde você for, no caminho de ser você mesmo.

Em resumo acredito que se você tinha 10 para comprar algo, você pegaria 2 emprestados com alguém simplesmente pelo fato de conseguir com míseros 12 alcançar seu maior sonho: ser você mesmo no futuro. 

O seu futuro.

Pense nisso.

sábado, 7 de novembro de 2015

De volta para o futuro



Foto by Pixicast.com



Bom, chegamos a 2015. Parecia muito distante quando ouvi pela primeira vez sobre esse ano. O ano era 1982 e um jovem guitarrista e skatista viajava com um velho louco num Delorean para 2015 procurando saber sobre o futuro.
Lá chegando encontravam carros voando, postos de combustível atendidos somente por robôs e uma infinidade de coisas novas, como um tênis nike que amarrava sozinho.
Pensei muito sobre isso em 1982. Como será 2015? Eu tinha 7 anos e estava num cinema na praia assistindo a tudo aquilo com amigos. Um deles, que nos levou até lá, tinha 18 anos e um opala com muita coisa eletrônica, mas definitivamente passava longe do que temos hoje.
Em 30 anos vi o mundo mudar, vi anúncios serem feitos, vi carros serem desenvolvidos, porém vi que muita coisa andou para a frente, e muita coisa para trás.
Naquele tempo, há 30 anos atrás, os carros, assim como em 1890, tinham 4 pneus, nele cabiam 4 pessoas, a velocidade média era de 20 km/h e tinham um motor um pouco barulhento. Com exceção do barulho, nada mudou. Os carros são confortáveis,  tem ar condicionado, direção hidráulica, são silenciosos, tem estofados macios, que esquentam, mas sua função na sociedade não mudou. Chego em 2015 frustrado com os carros que temos, depois de bilhões investidos em P&D nessa área. Nem a baliza conseguiram resolver. Parecia simples acionarmos o modo estacionamento e o carro virar suas rodinhas em alguns graus, suficientes para o carro se adaptar a uma vaga. A baliza ainda é necessária, mesmo após 100 anos de estudos.
O que quero dizer com isso, meus amigos, é que a evolução maior ocorreu em outro campo. Temos evoluções no campo da tecnologia da informação, com a introdução da rede e dos inúmeros dispositivos conectados a ela e no campo da genética, onde parece que há um outro planeta a ser desvendado.
Os recentes estudos no campo e as mais novas descobertas com o uso de células tronco, mapas genomicos, impressão de tecidos, previsão de doenças, estudos na área química, física, esses sim tem possibilitado olharmos o mundo de forma diferente.
Na área da saúde isso modificará de forma intensa a nossa agenda da saúde, com a introdução de nossos elementos, que colocarão em cheque até a nossa capacidade de ir a um médico. Com a chegada do google, os médicos tiveram que se adaptar a um paciente mais informado, talvez não mais qualificado, mas antenado a palavras que anteriormente tinham um saber exclusivo.
A evolução na área genética nos possibilita olhar para frente com menos medo de palavras ruins como câncer por exemplo, e nos identificar com a previsibilidade das inúmeras disfunções que por ventura podem nos afligir.
Imagino que daqui a 30 anos olharemos para o passado com outros olhos, serão anos de mudanças bruscas em nosso sistema, assim como ocorreu nos meios das comunicações. Haverá mudança no status quo. Mudanças essas que ocasionarão a transformação do que temos hoje com a chegada de novas oportunidades de trabalho, menor fronteira entre o paciente e o médico, criação de novas palavras, conceitos. Haverá sim a discussão produtiva sobre modelos de negócios positivos e sustentáveis que suportem a mudança.
Haverá sim um espaço pequeno para palavras como corrupção e quaisquer desvios éticos.
Haverá sim carros voando, mas isso é outra história.



sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Marcianinhos



Marciano pai descobre que seu filho, o Marcianinho, havia pego sua nave enquanto trabalhava e fica furioso. Questionado sobre o uso da nave, Marcianinho diz que fez um breve passeio `a Terra.
-               Meu filho, já falei para não ir nunca para lá. Todas as vezes que aparecemos por lá, eles entram em guerra.
-               Papai, aprendi muito com a viagem, muito mesmo.
Quando questionado novamente sobre o que aprendeu, disse então ao pai:
- Lá na Terra, tem mais água do que terra, não entendo por que chamam então o planeta de Terra. A água é bonita, azulzinha e salgada, e eles não gostam de bebê-la. Gostam mais da docinha que tem bem pouco e fica no meio da terra. Gostam dela, mas amam uma outra, pretinha que fica embaixo da terra. Essa gera até guerra por lá.
Eles vivem de forma estranha, alguns andam sem vestes e ficam o ano inteiro esperando uma chuva. Outros ficam cheios de roupas e quando a chuva aparece eles se protegem com objetos redondinhos. Acho que são um povo estranho demais, vivem em quadrados. Vivem em quadrados que os protegem, entram em quadrados menores que se movem e os levam até outro quadrado maior onde passam a maior parte do tempo. Tem tanto quadrado por lá que hoje já estão empilhando quadrados, um em cima do outro, e os quadrados que se movem estão ficando cada vez menores, porque não estavam conseguindo se mover, de tanto quadrado que existia. O pior de tudo é quando morrem, eles vão para outro quadradinho menor, que fica enterrado.
De tempos em tempos eles ganham uns papeizinhos estranhos que trocam por coisas, qualquer coisa que queiram. Para ganhar os papeizinhos precisam ficar dentro dos quadrados grandes. Quanto mais tempo ficam, mais papeizinhos ganham. Com os papeizinhos compram mais quadradinhos móveis que os levam para a água salgada, onde tiram a roupa, como aqueles que vivem sem chuva, e ficam nadando na água salgada. Essa parte eu não entendi direito papai.
Eles possuem diversas cores, não são de uma cor só como nós daqui. Tem gente branca, escurinha, mais ou menos, amarela, vermelha, e alguns que não se contentaram com sua cor e decidiram se pintar de outras cores.
A tecnologia lá não é das mais avançadas, os seres humanos gostam de tudo que possam pegar nas mãos e terem ao seu lado, sejam quadrados, papéis ou objetos tecnológicos. Adquirem essas tecnologias com papeizinhos e recentemente adotaram a tecnologia dos papeis durinhos, que chama de cartão de crédito.
Este serve para comprar aquilo que eles não precisam com os papeis que não têm.
Tive um único contato com um humano que me disse que trabalhava num hospital, algo como um quadrado que cuida das pessoas quando doentes. Disse pra mim que seu mercado passava por uma transformação e que ele não sabia o que fazer. Estava muito preocupado. Em cinco minutos que fiquei com ele, ele mudou de cor duas vezes. Disse a ele que aqui em Marte quando isso aconteceu há 19.000 anos atrás nós nos unimos, você se lembra papai? Disse a ele que conseguimos nos reunir e formar grupos de discussão sobre diversos temas e que isso impulsionou nosso mundo. Disse também que entender que éramos um grupo e não empresas separadas nos fez ver o mundo de forma diferente, e só crescemos com isso.

Marciano pai perdoou o Marcianinho e hoje passa grande parte do seu tempo tentando entender a Terra, coisa que não conseguiu entender nos últimos 25.000 anos.